Neste estudo sobre a “significação profunda da escultura portuguesa”, Ernesto de Sousa dedica todo um capítulo ao “Problema visual: discussão sobre as virtudes e as características da interpretação e reprodução fotográfica nos estudos de escultura. Estética do fragmento. Iluminação e valores tácteis. Sugestões para a utilização da fotografia como método indispensável dos estudos iconográficos e estéticos. Comparativismo e visão polémica.” A fotografia permite-lhe identificar e simultaneamente descobrir, sem nunca perder a noção do potencial visual e cultura material que lhe é próprio. Dessa forma, evidencia a abstração da mediação estética –nomeadamente através da iluminação ou do enquadramento– tornando-a objecto explícito do seu trabalho intelectual. Imagem e discurso são conscientes da sua mediatização e consequentemente contemporâneos e autocríticos:
“Uma figura num capitel de igreja românica, não era apenas objecto de demorada contemplação e espanto para o camponês de Entre-Douro-e-Minho, era-lhe um valor íntimo, uma íntima maneira de ele ser no espaço e no tempo. Para nós tudo isso tem que ser reedificado segundo valores mais abstractos, na mediação estética ou filosófica da nossa modernidade; valores no entanto, não menos ardentes, quando reedificados no futuro.”
Fotografia e texto: Ernesto de Sousa
Formato: 16,5 x 23 cm / Páginas (96 texto + 80 com fotografias preto e branco)
2ª Edição | Livros Horizonte, 1973
INDISPONÍVEL
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