A
Madeira, que Marmelo e Silva conheceu efectivamente, na qualidade de alferes,
vivia então Portugal uma pretensa neutralidade ao tempo da II Guerra Mundial,
escondia debaixo da antonomásia Pérola do Atlântico infernos que se agudizavam
sobremaneira quando as pessoas em causa pertenciam ao género feminino. Essa
realidade acaba por ser ficcionalmente transposta para o universo de diversas
personagens de Desnudez Uivante, sejam elas meninas e adolescentes fechadas num
orfanato, o Asilo de Santa Úrsula, pequenas de bairros pobres, expostas a todo
o tipo de miséria, criadas de um Eden-Hotel, onde são “pau para toda a colher”,
bordadeiras exploradas até à exaustão das forças físicas, prostitutas, seja de
rua, seja de luxo, e até mulheres de oficiais.
O
espaço que é esse Eden-Hotel pode, pois, ser considerado uma sinédoque de toda
a Madeira, tal como ela está ficcionalizada no último romance de Marmelo e
Silva, porventura o mais autobiográfico de toda a sua obra, e por isso o mais
inquietante nas denúncias aí patentes.
Capa e Direcção Gráfica:
Armando Alves
Formato: 12,5 x 20,5 cm |
224 Páginas | Capa de brochura
1ª Edição | Editora
Limiar, 1983
INDISPONÍVEL
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