Edição Popular de 1936
Obra
de um portuense que passava as férias em S. Miguel das Aves.
Reunidas no volume “Só as Mulheres Sabem
Amar” (Verdades e Ficções), Arnaldo Gama publicou nesse ano uma série
de novelas de cariz romântico. Entre essas novelas, destaca-se “Um Defeito
de Organização”, não só porque a acção se passa em São Miguel das Aves
e nas terras vizinhas, mas sobretudo porque permanece como um testemunho
dos usos e costumes e também
a linguagem das gentes do Minho (região à qual S. Miguel das Aves
pertencia).
" O Minho tem uma fraseologia e uma pronúncia
particular. Não é só nos bb e nos vv que erra a pronúncia; erra-a nos rr e
nos ll ainda mais escandalosamente,e, sobretudo, erra-a no modo arbitrário como
cada um pronuncia as palavras, ainda mesmo aquelas que são exclusivas da
província". (...)Para provar o que digo, vou pois fazer falar os
minhotos com a pronúncia que se pode chamar o tipo geral da província.
- E o criado?
- Lá 'stá de catrambias na barra. Honte caijo morria de uma topada à porta do quinteiro: a lûa 'stava bem crara mas aquilo é um 'stavareda, binha muito fistor p'la porta dentro, tropeçou num fueiro que 'stava no chom, e esmurrou as ventans e os queixos na padieira da porta, e esfarrapou as caurças. Ficou com a cabeça vastante relaxada da cahida, e assim pediu-me que biesse 'stifazer a ovrigação.
- E que horas são?
-Aicho que onze; o sol já vai aurto ha munto.
O autor, em nota de rodapé (pag. 35, 36 e 37) esclarece o leitor sobre as palavras barra e 'stavareda. Esta última ainda se usa por cá. Transcrevo a nota sobre a barra ( que, quando criança, ainda vimos tal e qual... " Grande taboleiro, sobrado, ou como quiserem chamar, a modo de sótão, cheio de palha, e por cima dos currais do gado, por cuja porta se entra para ele, e onde dormem os criados e os filhos varões dos lavradores do Minho, enquanto são solteiros."
- E o criado?
- Lá 'stá de catrambias na barra. Honte caijo morria de uma topada à porta do quinteiro: a lûa 'stava bem crara mas aquilo é um 'stavareda, binha muito fistor p'la porta dentro, tropeçou num fueiro que 'stava no chom, e esmurrou as ventans e os queixos na padieira da porta, e esfarrapou as caurças. Ficou com a cabeça vastante relaxada da cahida, e assim pediu-me que biesse 'stifazer a ovrigação.
- E que horas são?
-Aicho que onze; o sol já vai aurto ha munto.
O autor, em nota de rodapé (pag. 35, 36 e 37) esclarece o leitor sobre as palavras barra e 'stavareda. Esta última ainda se usa por cá. Transcrevo a nota sobre a barra ( que, quando criança, ainda vimos tal e qual... " Grande taboleiro, sobrado, ou como quiserem chamar, a modo de sótão, cheio de palha, e por cima dos currais do gado, por cuja porta se entra para ele, e onde dormem os criados e os filhos varões dos lavradores do Minho, enquanto são solteiros."
Formato: 13,5 x 19 cm / 137 Páginas Br
1ª Edição | A. Figueirinhas, 1936
INDISPONÍVEL
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